Professora relata experiência no Fórum Franco Brasileiro

A professora do campus Petrolina Zona Rural do IF Sertão-PE, Andréa Nunes, não tinha ideia do que a esperava quando decidiu participar do Fórum Franco Brasileiro Ciência e Sociedade, que aconteceu na França, entre os dias 10 e 27 de outubro. 

Motivada pelos estudos que realiza na área de Agroecologia, Andréa resolveu apostar em novas experiências para ampliar seu conhecimento no assunto e poder compartilhar com estudantes e profissionais do IF Sertão-PE. Para ela, uma oportunidade de aprendizado e intercâmbio únicos, que sempre refletirá em sua vida profissional. Andréa Nunes foi para o Fórum ao lado do professor do campus Floresta, João Luiz da Silva, e dos estudantes Renata Souza (Subsequente em Agropecuária, campus Floresta), Mikaela Sá (Médio Integrado em Agropecuária, campus Floresta), Tatiana Souza (Médio Integrado em Informática, campus Floresta), Leonardo Santos (Médio Integrado em Edificações, campus Ouricuri) e Amanda Santos (Médio Integrado em Edificações, campus Salgueiro). 

Nesta terça-feira (8), dentro da programação da Semana de Ciência e Tecnologia do campus Petrolina Zona Rural, a docente relatou sua participação no evento. Antes disso, contou um pouco de sua experiência em entrevista. Confira os principais trechos.     

 

Participação em aula prática de produção de mudas 

O que lhe motivou a participar do Fórum?

Andréa NunesO Fórum teve como tema principal a Agroecologia e como desenvolvo alguns trabalhos na área de produtos alternativos no controle de pragas agrícolas, além da oportunidade de conhecer o que a França está desenvolvendo de pesquisa e extensão nesta área, de fortalecer o  intercâmbio entre os dois países, relatar nossas experiências como docente, pesquisador, extensionista e gestão, ver as tecnologias que eles possuem e, que podem ser compartilhadas, e fazer contato com profissionais da área. Esses foram os motivos principais.

 

Modelo de horta agroecológica

Como foi desenvolvido o trabalho durante o evento?

Andréa NunesO Fórum foi dividido em três etapas: a pré-Fórum, Fórum propriamente dito, e pós-Fórum. No pré-Fórum fomos recebidos pelo Liceu Castelnau le Lez, na cidade de Montpellier, conhecemos os Liceu´s Agrícolas Honoré de Balzac, LEGTPA de La Canourgue e La Lozere. Participamos de aula teórica, acompanhamos aulas práticas, visitamos unidades agroecológicas, além de conhecer a própria estrutura da escola, na parte agrícola, na parte de animais, como vacas leiteiras, cavalos e peixes, de processamento de alimentos, principalmente produção de queijo e leite. Visitamos algumas áreas de produtores e a Associação Agroecológica "Terra e Humanismo" fundada por Pierre Rabhi, nas montanhas. 

 

Grupo no Liceu Saint Chely d’Apcher

As realidades, em relação ao modo de trabalho, são muito diferentes? 

Andréa NunesSão muito diferentes. Eles trabalham com outra metodologia, talvez por ser um país menor e mais antigo. Eles têm tudo muito determinado, a estrutura é toda programada, organizada. Eu acompanhei uma realidade diferente, porque vivenciamos aqui a parte orgânica do sistema de produção, mas a pessoa que quer viver a agroecologia não pode viver só o lado da planta, da terra, mas também o lado social. Ele faz tudo para que não haja alteração daquele ambiente em que ele está inserido. Não observamos um sistema  com aquela horta perfeita, capinada. Eles fazem de um jeito que pareça o mais natural possível, tanto no estilo de vida deles, como no ambiente agrícola. Preservando o meio ambiente.

 

Associação Agroecológica "Terra e Humanismo", fundada por Pierre Rabhit, nas montanhas

É, de certa forma, tudo integrado...

Andréa NunesExatamente. A sociedade participa desse processo. Na área que visitamos o ambiente é aberto, as pessoas vão por livre e espontânea vontade trabalhar na terra, produzir, contribuir, e eles também podem comprar e vender aqueles produtos.

Momento de interação durante o Fórum

 

Como foi o intercâmbio em relação à Agroecologia? Qual o resultado dessa interação?

Andréa Nunes  - No Fórum, realizado na cidade de Arrás, no Liceu Saint Chely d’Apcher, é que tivemos mais esse intercâmbio. Nós tínhamos muitos trabalhos em grupo, onde colocávamos nossas experiências e expectativas. Depois de palestras, filmes, peças teatrais, oficinas sempre tínhamos uma discussão, sempre tínhamos como explanar nossa vivência. Além de estar conhecendo outras metodologias de trabalho, conhecer como funcionam outras escolas agrícolas diferentes das nossas, aprendemos muitas coisas sobre Agroecologia, conhecemos muitos professores e alunos, inclusive brasileiros. No final, fizemos um apanhado sobre as dificuldades que tínhamos, o que esperamos desse acordo, como podemos contribuir para fortalecê-lo. Hoje tenho uma visão diferente, de como é interessante ter alunos nesse intercâmbio, assim como os próprios professores e técnicos administrativos, como agrônomos, zootecnistas, tecnólogos em Agroindústria, e também dos franceses poderem vir para cá. Esse interesse existe de ambos os lados, até porque são realidades muito distintas. Tem como trazer essas experiências, passar para os alunos, para os colegas e tentar melhorar nosso ensino. Foi muito gratificante, mudar o nosso conceito sobre Agroecologia, a gente vê que existem outras possibilidades de trabalhar.