Oficinas de recuperação ambiental mobilizam estudantes para preservação do riacho Mandim

Cinco oficinas voltadas para recuperação do meio ambiente envolveram os estudantes do campus Salgueiro do IF Sertão-PE em uma missão desafiadora: minimizar o impacto ambiental sofrido pelo riacho Mandim, que percorria parte da área destinada à fazenda do campus e hoje está assoreado devido à degradação da mata ciliar e proliferação indevida de espécies não nativas. As oficinas aconteceram na quarta-feira (27) e fazem parte de um projeto contínuo de recuperação ambiental desenvolvido por professores do campus, chamado de "Brigada Mandim".

A proposta do projeto é, a longo prazo, promover a recuperação da área que hoje está degradada e sofrendo fortes processos de erosão e desertificação, a partir de quatro eixos: a delimitação da área a ser recuperada, contenção das voçorocas (buracos de erosão), identificação das espécies nativas ainda existentes no local e recuperação das áreas degradadas. Cada um desses eixos compreendeu uma oficina, que mobilizou alunos e professores na luta pela preservação ambiental.

Alunos utilizaram material reciclável nas ações de recuperação do espaço degradado

As atividades começaram com a história do riacho Mandim e da área por onde ele fazia seu curso, que hoje pertence à fazenda do campus Salgueiro. O técnico em Agropecuária, Reginaldo Sá, que morou com sua família em uma fazenda no entorno do riacho, antes da degradação, compartilhou a história do local com os alunos e falou sobre a riqueza e diversidade de fauna e flora existente lá, e como foi sendo afetada, entre outros fatores, pela inserção de espécies não nativas na região. 

Na sequência, os estudantes participaram da delimitação da área a ser preservada, com os professores Edilvan Souza e Samira Brito, e fizeram a identificação das espécies nativas ainda existentes, com os professores Rômulo Medeiros e Samira Brito. Eles localizaram marizeiros, juazeiros e baraúnas, que são árvores bastante características do semiárido brasileiro, e fizeram a sinalização de cada espécie com placas específicas. "Isso é importante não só para identificar a vegetação local como para demarcar a nossa presença nesse espaço, que ficou abandonado por muitos anos. Com estas ações estamos dizendo à comunidade que estamos aqui, que essas árvores são importantes e não podem ser retiradas nem danificadas",explicou o professor Rômulo Medeiros.

Equipe de professores e alunos luta pela preservação da área do riacho Mandim

Na oficina de contenção de voçorocas, os estudantes, guiados pelas professoras Sandra Galvão e Adriana Figueiredo, confeccionaram barreiras de contenção para minimizar o avanço dos buracos provocados pela água da chuva, que aos poucos foram danificando as margens do riacho Mandim. A expectativa do grupo é de que, correndo com menos intensidade, por causa da contenção, a água da chuva possa não só danificar menos as margens do riacho, como penetrar o solo degradado, ajudando a reter nutrientes e umidade, fundamentais para o crescimento de novas espécies de vegetação.

Na última oficina, ministrada pelos professores Reginaldo Maia e Dan Vitor Vieira, convidado da Faculdade de Ciências Humanas do Sertão Central (Fachusc), os alunos aprenderam técnicas de recuperação de áreas degradadas utilizando material reciclável. "Eles criaram algumas situações que são favoráveis para o repovoamento da fauna nessa região degradada, delimitando, por exemplo, espaços onde aves podem pousar e se alimentar. Espalhamos algumas sementes de plantas típicas do semiárido, e com o tempo e a atração desses animais, esperamos que germinem e se desenvolvam, ocupando o espaço que hoje está desertificado", explicou Dan Vitor. 

A proposta da Brigada Mandim é que ações como as promovidas nas oficinas sejam contínuas, para que a área delimitada possa ser, de fato, recuperada a longo prazo. "Sabemos que é um trabalho de formiguinha, mas é essencial para recuperação não só do riacho, mas um pouco da história, da essência do sertanejo, que está diretamente ligada a locais como esse. Queremos que essas ações ajudem a despertar nos estudantes um pouco da sua identidade como sertanejos, das suas relações com o campo e a natureza. Esse é o nosso maior objetivo", concluiu o professor Rômulo Medeiros.